terça-feira, abril 10, 2007

Ilusões de Óptica




Imagens ou representações sem verdadeira realidade, causadas por engano da visão, e que transmitem uma falsa percepção.

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Análise de um Poster

A journey through time by Louis Vuitton

Louis Vuitton foi o fundador de uma famosa marca de artigos de luxo, que existe desde a segunda metade do séc. XIX em Paris.
Este poster publicitário à marca Louis Vuitton, pode ser analisado do ponto de vista semiótico, segundo a perspectiva de Roland Barthes.
Estamos em presença de um signo visual, acompanhado por signos de natureza linguística, neste caso, nomes de cidades à volta do mundo.
O objecto representado é identificável – uma mala Louis Vuitton, que nos transpõe para a proa de um navio. Ficamos a saber através da nossa percepção que estas malas são boas para viajar de barco, atravessando o mundo, de cidade em cidade. Numa análise mais pormenorizada e ainda seguindo a orientação de Barthes, podemos detectar os seguintes signos:
a) Um signo constituído pela integração e composição dos diferentes elementos do anúncio que nos sugerem a ideia de uma viagem por mar em diferentes gamas de azul, do muito claro ao muito escuro que nos a ideia de mar e de céu; o castanho e o beije da mala sugere-nos um navio seguro, forte que nos levará às cidades que emolduram a figura
b) A composição deste poster é constituída por objectos diferentes, vê-se em primeiro plano um pequeno barco à vela, ao fundo a espuma do mar e a costa, que transmitem a ideia de uma grande e calma viagem
c) A composição global dos elementos constitutivos desta imagem tem um significado estético relacionado com a ideia de segurança e duração da mala. Esta contém um signo linguístico, com as iniciais da marca, que indica publicidade, a que Peirce designa significação (neste caso de publicidade).
Existe outra mensagem linguística: A journey through time by Louis Vuitton, que nos remete para a um significado denotado com a durabilidade e perenidade do produto.

Tentando seguir a dicotomia de Saussure poderemos admitir o seguinte: Um primeiro significante (a mala) está ligado a um primeiro significado (um navio) que por sua vez se torna num significante (a viagem) ligado a outro significado (viagem a Hong Kong… e a Tokyo).

De qualquer modo não se pode deixar de notar que estas interpretações decorrem de valores culturais e ideológicos, sendo por isso variável de intérprete para intérprete de acordo com o respectivo contexto social e cultural em que se integra o leitor da mensagem. A este aspecto, resultante do investimento ideológico do receptor na imagem Barthes chama a retórica da imagem, segundo Alda Pereira.

segunda-feira, abril 02, 2007

Modelos Mentais

Philip N. Jonhson-Laird, afirma que as pessoas constroem modelos mentais da realidade; portanto são representações análogas ao que representam.
Os modelos mentais podem ser adquiridos pela transmissão cultural, escolar ou pela interacção com os outros, no dia a dia.
Na base da construção destes modelos está a percepção.

Johnson-Laird definiu três tipos de representações mentais:

- Modelos mentais - são análogos aos objectos e processos do mundo,

- Proposições - são cadeias de símbolos expressáveis em linguagem natural e são interpretadas individualmente à luz de modelos mentais e

- Imagens – cujas interpretações são consequência de modelos mentais.


O ESPELHO DE UM MOMENTO

Dissipa o dia,
Mostra aos homens leves imagens de aparência,
Retira aos homens a possibilidade de se distraírem (...)
E o seu brilho é tal que todas as armaduras, todas as máscaras, se tornaram falsas.
O que a mão tomou desdenha tornar a forma da mão.
O que foi compreendido já não existe.
A ave confundiu-se com o vento,
O céu com a sua verdade,
O homem com a sua realidade.
Salvador Dali
As imagens estão por todo o lado.
A reflexão deve ser sua companheira.
José Carlos Abrantes

A Apropriação Social do Saber
segundo Jean Pierre Meunier

Jean Pierre Meunier considerou não ser fácil escolher a melhor metodologia a seguir nestes estudos, devido aos diferentes aspectos de que a semiótica cognitiva está imbuída: filosóficos, epistemológicos e metodológicos dos modelos subjacentes a todas as ciências cognitivas e devido ainda à necessidade que advém da progressiva evolução das ciências da comunicação, da preocupação em desenvolver o estudo das diferentes categorias de signos, de mensagens, de conceitos e de métodos que já tinham sido adoptados na linguística e noutras áreas. Dado o carácter geral da semiótica cognitiva, que começa a distinguir-se a partir destes considerandos, dever-se-á explorar a complexidade das relações entre:
– as representações mentais e as operações de inferência efectuadas sobre essas representações;
– os sistemas semióticos e as tecnologias que lhes servem de suporte;
– os diferentes tipos de mediação social;
dada a sua importância, principalmente do ponto de vista da apropriação social do saber.
(Jean Pierre Meunier na Comunicação que apresentou no I Congresso da SOPCOM: As Ciências da Comunicação na Viragem do Século).

A Imagem nas suas Múltiplas Manifestações:

Como diz José Carlos Abrantes, na sua Comunicação – Breves Contributos para uma Ecologia da Imagem:

– A imagem “mexe “ com o universo pessoal e social
– Contribui fortemente para a vida económica das sociedades modernas
– É objecto de estudo e de construção teórica
– Congrega mas divide as famílias
– Ajuda e perturba os professores
– Fascina alguns artistas mas decepciona outros

Assim, as imagens podem sugerir, outras manifestações:

Entretenimento






Alienação









Sedução





Poluição






Informação





Decisão









Transformação



Educação

sexta-feira, março 30, 2007

Teoria dos Modelos mentais


Conhecimento / Imagem

Jean Pierre Meunier refere que, numa definição simplista, conhecer qualquer coisa é poder fazer a representação disso mesmo e é poder jogar com essa representação para dela tirar informações.


Dois aspectos da percepção das imagens

Na reflexão sobre a imagem e a palavra, como caminhos para a reflexão e para o conhecimento, a imagem é mais rapidamente identificável do que uma palavra, porque é mais imediata do que a palavra que nos leva mais à reflexão; pode ter diversas leituras (polissemia), sendo as palavras mais limitadas.

O domínio das representações mentais foi pouco estudado pelos semiólogos e mais pelos psicólogos, mas novas concepções têm vindo a dar relevo á representação mental.
Na psicologia cognitiva são estudadas as representações proposicionais, os proposicionalistas, reduzem as imagens a representações proposicionais; outros estudiosos, os imagistas, não aceitam esta teoria.
Johnson-Laird (1983) propõem ainda outra teoria para a questão imagens/proposições e chama-lhe modelos mentais.

Segundo Laird:
- Imagens são representações que têm aspectos perceptivos de determinados objectos ou acontecimentos, analisados de um determinado ponto de vista, com características próprias desses mesmos objectos ou acontecimentos;
- Modelos mentais são representações analógicas, mais ou menos abstraídas, de conceitos, de objectos ou de acontecimentos;
- Proposições são representações de significados, completamente abstraídas, e que podem ser verbalmente expressas.
A teoria dos modelos mentais de Jonhson-Laird permite avançar no reconhecimento do carácter essencial da imagem.
Para Langaker o conceito de imagem é necessário para nos apercebermos de que as diferentes expressões linguísticas nos dão pontos de vista diferentes da mesma situação objectiva. Uma palavra é a comunicação de um modelo mental com carácter icónico e a linguagem léxica e gramatical é um conjunto de instrumentos ao serviço de uma composição analógica.
Assim, conhecer qualquer coisa, é ter dessa coisa uma representação icónica.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Tratado do Signo Visual

Depois de ler Le signe visuel do Grupo µ, lembrei-me do poema Liberdade de Fernando Pessoa, para mim, um grande mestre do pensamento.

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa…

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças…
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar seca.

O mais do que tudo isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca…

E agora, que já desabafei, apoiada em Pessoa, posso voltar à reflexão sobre o signo visual.

O Grupo µ, reconhece a dificuldade de generalizar o código plástico porque ele mobiliza valores extremamente variáveis e reconhece que as análises plásticas só são possíveis com uma bateria de contrastes ou oposições estruturais, referentes às formas, às cores e às texturas (claro/escuro; liso/granulado; fechado/aberto; etc.).


Assim, um signo plástico pode ser examinado do ponto de vista das formas, das cores, das texturas e do conjunto formado pelas formas, pelas cores e pelas texturas.
Mas pode ainda ser observado na relação entre a expressão e o conteúdo.
Para descrever com a maior precisão possível a estrutura interna do significante plástico, o Grupo µ, recorreu à tríade: forma, substância e matéria.
O Grupo µ, chama às formas, às cores e às texturas as grandes famílias do signo plástico e procura dar uma gramática dos significantes e de mostrar como estes se associam aos significados. Comparando a linguística com a plástica, cita Odin (1976) para quem a semiótica plástica tem significados estáveis, que constituem o seu reportório.
O Grupo µ, lembra que nos foi ensinado que não há nenhuma forma real desprovida de cor e de texto (pag. 217); a forma que se define por três parâmetros: posição, orientação e dimensão e que o Grupo µ, reconhece como um semanticismo secundário complexo.


O que nós vemos das coisas são coisas.
Porque veríamos nós uma coisa se houvesse outra?
Porque é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?

O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
Nem ver quando se pensa.

Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma sequestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas
Nem as flores senão flores,
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores.

Poema de Alberto Caeiro, um dos heterónimos de Fernando Pessoa

Salto para a cor, que o Grupo µ, diz ser a última das componentes do signo plástico e que, isolada é um modelo teórico. A cor que só tem existência empírica quando associada ao signo plástico, à forma e à textura.
Recapitulando as ideias mestras: o signo plástico integra a forma, a cor e a textura, que interagem com a nossa forma de ver.
O Grupo µ, ao falar da oposição cor/forma, cita Suares (1946) “ a cor é o signo da vida; a linha é o signo do estilo (…) e passar da linha à cor, é como passar da matéria ao espírito (…)” e, a propósito ainda desta oposição cor/forma, cita Arnheim (1976) para dizer que a forma é um meio de comunicação mais eficaz do que a cor; que a estrutura provoca a actividade cerebral mais racional e que a cor, superior à forma, é veiculo de expressão. Afecta os espíritos receptivos e passivos. Assim é que o azul nos lembra o mar ou o céu; o verde nos recorda as plantas e as copas das árvores em cada primavera, o amarelo nos sugere a areia do deserto ou à luz do Sol. Também associamos as cores às sensações de frio, de cor, e outras…


Tudo o que faço ou medito
Fica sempre pela metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

...Fernando Pessoa

sábado, fevereiro 17, 2007

Tratado do Signo Visual


A multiplicidade de definições


Para Morris, um signo icónico tem identidade de propriedades de um certo ponto de vista.
Para Peirce, um signo icónico tem principalmente identidade de propriedades.
Para Eco, um signo icónico é um modelo de relações semelhante ao modelo de relações perceptivas que construímos conhecendo ou recordando o objecto.
Para Goodman, um signo icónico tem de ter semelhança e representação.
Para o Grupo µ, o signo icónico deveria mostrar que ele não é o objecto e as oposições e as diferenças existem.


Para a minha sensibilidade, esta obra hiper realista de Angel Fernandez, intitulada Crucificação, tem uma relação perceptível entre o produtor da imagem (o artista) e o referente (o objecto realmente existente). A representação mental da crucificação e da figura de mulher de branco, expectante, solitária, mal se apoiando num pequeno barco, vazio, abandonado, junto a um mar de lágrimas, que é o seu deserto, faz-me lembrar Maria Madalena sem conseguir tirar, dos límpidos olhos da sua memória, a figura de Cristo crucificado. Os ramos despidos, desolados, apontam erectos e firmes para um céu longínquo e sem sentido.

Segundo o Grupo µ, o signo icónico é definido por três elementos: O significante, o tipo e o referente; sendo que o significante é um conjunto de estímulos visuais correspondente a um tipo identificado; o tipo é uma representação mental constituída por um processo de integração e o referente á um objecto particular do qual se pode ter uma experiência visual ou outra e pode ser associada a uma categoria permanente.

Este modelo de definição triádica do signo icónico, dá-nos ainda a idei
a de estabilização no caminho entre o signo icónico e o objecto que lhe corresponde; transmite-nos a ideia de transformação que se dá na mente, assumindo uma imagem definida e comunica-nos a ideia de reconhecimento entre a imagem que vemos e o tipo a que pertence e que já temos em mente, perfeitamente estabilizado.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Semiótica das Representações Visuais

Reflexão sobre: O signo segundo Peirce


Recordo a Professora Alda Pereira, do Departamento de Ciências da Educação, da UA, (no seu artigo sobre OS ELEMENTOS FUNDADORES DO SIGNO VISUAL), citando Peirce:

De cada vez que pensamos tornamos consciente um sentimento,
uma imagem, uma concepção ou qualquer representação que
serve de signo


Deste modo, podemos inferir que Peirce admite que o signo se impõe ao pensamento consciente, logo que é reconhecido.
O filósofo americano Peirce foi (com o suíço Saussure, noutra perspectiva) um dos fundadores da Semiótica, que considera a comunicação como génese de significação – processo dinâmico, resultante da interacção entre signo, interpretante e objecto.
Peirce dá realce ao papel dos hábitos na comunicação e na significação.

De modo geral, na linguagem corrente, pode-se atribuir à palavra signo, no nosso léxico, definições cheias de diferentes tonalidades, consoante os contextos.

Peirce, na sua perspectiva semiótica, deu uma grande importância ao signo: analisou o tema, epistemologicamente, estruturou-o, delineou uma teoria, atribuiu definições e criou palavras, que classificou detalhadamente.
Peirce distinguiu três tipos de signos: Ícone, Índice e Simbolo.


Ícone que tem semelhança com o objecto (na forma, na cor…) ou é a sua representação figurada. (O seu significado baseia-se na semelhança).

Ex.: o mapa de Portugal; o retrato do meu cão.
Índice que está ligado directamente ao objecto, mas não tem semelhança significante com esse objecto. (O seu significado baseia-se numa associação impulsiva).
Ex.: o cheiro do fumo de uma torrada indicia que ela esturricou; as pegadas humanas revelam que por ali passou alguém.
Símbolo que é conectado com o objecto porque foi decretado representar aquilo que representa; (O seu significado baseia-se numa associação mental por convenção, costume ou lei).

Ex.: A determinação de proibir de estacionar, em determinado lugar, apresentada por um sinal de trânsito imposto pelo Código de Estrada; a pomba como símbol
o da paz.
Peirce, baseado no carácter de similitude dos ícones, subdividiu-os em:

Imagens
Ex.: Fotografia, estátua, pintura...

Diagramas

Ex.: Equação algébrica; a representação da disposição das folhas numa haste de uma planta...


Metáforas
Ex.: O inverno da vida; as pérolas do orvalho...

domingo, janeiro 14, 2007

Semiótica das Representações Visuais

A origem dos signos, das imagens…

Desde há muitos milhares de anos, mesmo antes de inventar a escrita, o homem sentiu necessidade de fixar conhecimentos e de os transmitir ou de registar ocorrências e fê-lo através da imagem. A imagem era a reprodução concreta segundo a percepção que tinham do objecto.

O mais antigo suporte de registo destas imagens, para conservar a memória de acontecimentos, parece ter sido a pedra (utilizada desde as pictografias rupestres até às estelas e inscrições do Oriente Antigo e às lápides da Antiguidade Clássica).

O homem, com a sua capacidade reflexiva, sentiu desde sempre, a necessidade de se conhecer a si próprio, aos outros, ao mundo e de conhecer a razão pela qual acontece o que observa à sua volta.
E sempre gostou de partilhar o seu conhecimento.

Levou várias etapas até chegar à escrita, mas sempre procurou registar o seu conhecimento, através de imagens.


Portanto, ao longo da história da humanidade, o homem foi adquirindo conhecimento, verificando a sua veracidade pela experiência, e foi procurando fixá-lo, primeiro por imagens esquematizadas na pictografia.

Depois da pictografia, a fixação do conhecimento, foi feita por sucessivos sistemas de escrita e não só: o homem continuou até hoje a utilizar signos e imagens representativas do que pretende comunicar.

Nota sobre a Semiótica

(na acepção do termo dada por Charles S. Peirce, 1839 -1914)
Segundo Peirce, a semiótica era a teoria geral das representações, que considerava os signos em todas as formas e manifestações que assumem (linguísticas ou não).
Peirce enfatizou especialmente a propriedade de convertibilidade recíproca entre os sistemas significantes que integravam os signos.

Este termo já tinha sido usado, em 1690, embora escrito em grego, pelo filósofo inglês Locke, como sendo a “doutrina dos signos ou lógica” e foi neste sentido que Peirce retomou o termo.
Mais tarde, em 1937, Moris adoptou o mesmo termo, como sendo a “ciência geral dos signos”.
Como uma imagem que não corresponde ao “objecto” real pode ser para os outros a imagem real desse “objecto”

De como uma imagem “pouco mais ou menos” representativa fica como a representação real de um rinoceronte:
Em Março de 1514, entrou em Roma uma faustosa embaixada a mando do nosso rei D. Manuel e na sequência da eleição do novo papa, Leão X. Entre as prendas seguia um elefante e um rinoceronte.
Em 1515, Dürer, que tinha muitos contactos com portugueses residentes em Antuérpia, elaborou um impresso com o desenho de um rinoceronte para os alemães verem como era esse animal tão exótico e, no mesmo ano um outro artista, Hans Burgkmair, fez mais uma gravura do animal.
Estas imagens “são por ouvir dizer” porque não correspondem exactamente à realidade, mas ficaram como uma imagem real do rinoceronte, durante muitos séculos.
Como refere a Professora Filomena Amador in Imagens, cópias da realidade ou elementos construtores da realidade? Da história das imagens à História da Ciência, na página 7: O realismo de uma representação é sempre relativo, determinado pelo sistema de representação normal de uma cultura ou de uma determinada pessoa num certo momento. A representação realista não depende, numa palavra de imitação ou ilusão, ou de informação, mas sim de inculcação. Qualquer imagem pode representar qualquer coisa.
A palavra imagem tem múltiplas acepções consoante o conteúdo em que se insere e a perspectiva que se lhe dá. Assim, por exemplo, a imagem pode ser a representação mental do que foi percepcionado; pode ainda ser encarada como a identificação do real. A imagem pode desempenhar o papel de memorial, de arquivo das ideias e dos objectos. No entanto, há outras acepções que estão perfeitamente identificadas, como exemplo, diz-se que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, sem que tudo havia alguém tivesse visto Deus. A palavra imagem também é usada como uma figura de estilo, nas artes literárias, no sentido de analogia ou de metáfora. Mas existe sempre nas imagens um processo associativo. Como as imagens podem advir dos vários órgãos sensoriais, existem imagens visuais, auditivas, térmicas, tácteis…