sábado, fevereiro 17, 2007

Tratado do Signo Visual


A multiplicidade de definições


Para Morris, um signo icónico tem identidade de propriedades de um certo ponto de vista.
Para Peirce, um signo icónico tem principalmente identidade de propriedades.
Para Eco, um signo icónico é um modelo de relações semelhante ao modelo de relações perceptivas que construímos conhecendo ou recordando o objecto.
Para Goodman, um signo icónico tem de ter semelhança e representação.
Para o Grupo µ, o signo icónico deveria mostrar que ele não é o objecto e as oposições e as diferenças existem.


Para a minha sensibilidade, esta obra hiper realista de Angel Fernandez, intitulada Crucificação, tem uma relação perceptível entre o produtor da imagem (o artista) e o referente (o objecto realmente existente). A representação mental da crucificação e da figura de mulher de branco, expectante, solitária, mal se apoiando num pequeno barco, vazio, abandonado, junto a um mar de lágrimas, que é o seu deserto, faz-me lembrar Maria Madalena sem conseguir tirar, dos límpidos olhos da sua memória, a figura de Cristo crucificado. Os ramos despidos, desolados, apontam erectos e firmes para um céu longínquo e sem sentido.

Segundo o Grupo µ, o signo icónico é definido por três elementos: O significante, o tipo e o referente; sendo que o significante é um conjunto de estímulos visuais correspondente a um tipo identificado; o tipo é uma representação mental constituída por um processo de integração e o referente á um objecto particular do qual se pode ter uma experiência visual ou outra e pode ser associada a uma categoria permanente.

Este modelo de definição triádica do signo icónico, dá-nos ainda a idei
a de estabilização no caminho entre o signo icónico e o objecto que lhe corresponde; transmite-nos a ideia de transformação que se dá na mente, assumindo uma imagem definida e comunica-nos a ideia de reconhecimento entre a imagem que vemos e o tipo a que pertence e que já temos em mente, perfeitamente estabilizado.